segunda-feira, 13 de agosto de 2007

"É filme brasileiro, tá?"


Essa eu li no Globo: uma mulher foi até um cinema, desses multiplex, e como os ingressos para o filme ao qual queria assistir já haviam se esgotado, resolveu ver Saneamento Básico, de Jorge Furtado, que era o único com horário minimamente próximo. Assim que pediu os ingressos, ouviu da bilheteira: É filme brasileiro, tá? Sem entender a frase, resolveu perguntar o porquê do alerta e então, segundo o jornal, a menina da bilheteria respondeu que essa era uma recomendação da direção do cinema.

Bom, todo mundo sabe que multiplex não gosta muito dessa história de exibir filme brasileiro, é mais pela força da lei, mesmo. A verdade é que se não houvesse cota para o cinema nacional, dificilmente veríamos filmes brasileiros, independentemente de serem bons ou não, passando em alguma de suas salas.

Ainda não vi Saneamento Básico, mas em se tratando de Jorge Furtado dá pra se fazer uma idéia da qualidade do seu quarto longa-metragem. Ele também é o responsável por outras coisas bacanas, como O Homem Que Copiava, Houve uma Vez Dois Verões, Meu Tio Matou Um Cara e o maravilhoso documentário Ilha das Flores - que assisti quando ainda estudava pro vestibular.

E, sinceramente, pra terminar, algum de vocês estranhou tal atitude de uma casa que cobra vários reais por um saco de pipocas e um copo de refrigerante de máquina? Diga aí..

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

E fui parar no cinema...

Quando era menino, ir ao cinema tinha pra mim gosto de festa, como, aliás, tem até hoje. Gosto de ver filme no cinema, de comprar pipoca e Coca-Cola, de entrar naquela sala escura e gelada e mergulhar em várias e diferentes sensações ao mesmo tempo. Só não imaginei que um dia também estivesse do lado de cá da telona, levando o fascínio da fantasia até outras pessoas. Pois é, depois de anos sem atuar, acabei aceitando o convite de Douglas Dwight pra dar corpo ao personagem Afonso, no curta O Buquê, um roteiro seu, adaptado do conto Sinastria, de Sônia Peçanha.

Sinastria foi pinçado de Traição e Outros Desejos, onde Sônia reuniu dezesseis contos, que correm em alta velocidade narrativa, sobre nossas sutis traições cotidianas. Nele, a autora aborda a traição do "destino que te oferece pistas falsas de um futuro feliz, numa divertida guerra conjugal quando surge a suspeita do adultério". Sônia Peçanha é mestre em Literatura Brasileira e outros contos de sua autoria foram premiados em concursos literários do país, como o Prêmio Cora Coralina (Minc), em 1986; Prêmio da Universidade Federal de Alagoas, em 1985 e o Prêmio Clarice Lispector (Universidade Federal de Uberlândia), em 1984.

Douglas, por sua vez, é autor, juntamente com Fátima Valença, numa parceria vitoriosa, de vários sucessos musicais no teatro, como Dolores, sobre a vida de Dolores Duran e estrelado por Soraya Ravenle e Elis, Estrela do Brasil, tendo à frente de um elenco gigantesco Inez Viana fazendo o papel de Elis Regina. No cinema, é co-roteirista do longa Mulheres do Brasil, com Camila Pitanga, Dira Paes, Beth Coelho e Luana Carvalho encabeçando o elenco.

Em O Buquê, Douglas segue a mesma linguagem rápida e pungente utilizada pela autora. A direção atenta e cuidadosa é de Marcelo Villanova e segue o mesmo tom. Marcelo é aquele tipo de cara novo e competente que só faz confirmar a tradição da Bahia nas artes. A cumplicidade da equipe certamente ficará visível no filme, toda ela com uma energia e vontade imensas de mostrar que é possível, sim, fazer um cinema de qualidade, mesmo sem muita grana - esta última a tônica dos dias atuais - e que nas palavras do próprio Marcelo "só me faz pensar que nada é mais importante do que fazer algo com e por amor".

O Buquê tem no elenco, além de mim, Arlete Heringer, Caco Monteiro, Paula Moreno e Elen Vila Nova e seu lançamento está previsto para agora, em setembro, no Rio e logo depois em Salvador.



Traição e Outros Desejos

Objetiva, 147 páginas

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A primeira vez

Já tem um tempo que queria publicar um blog, e vinha adiando a concretude dessa vontade. Acho que, em termos, pela vulgaridade que a coisa foi tomando. Todo mundo tem blog hoje em dia! Alguns, muito bons. Outros, apenas seguem a boiada. Mas a maioria, mesmo, a maioria esmagadora não diz pra que veio, fazendo jus àquela famosa máxima: de longe, um presépio; de perto, uma presepada.

A razão do seu título não deixa de ser, em parte, a uma homenagem que faço ao personagem coronel Ramiro Bastos, de Gabriela, Cravo e Canela, um dos muitos imortalizados pelo nosso Jorge, o Amado de todos. Em parte, porque realmente levo no nome este apelido de família - ou sobrenome, como preferirem - e como aqui abordaremos a cultura em todas as suas formas, nada mais natural que remontar seu título a um personagem de uma obra literária de tão grande quilate, por sua vez transformada em novela, filme, peça teatral... Mais providencial que isso, não sei não...

Sem a menor pretensão de querer ser o dono da verdade, tomara que Coronel Ramiro consiga, a partir de agora, dizer algo que leve a reflexões e debates sobre um assunto que todo mundo fala, mas que muito pouca gente consegue, de fato, compreender a extensão de sua importância no crescimento de um povo e de um país.

A todos, boas vindas!

Ao blog, merda! (no teatro, esta expressão antes de entrar em cena significa 'boa sorte').