quarta-feira, 8 de agosto de 2007

E fui parar no cinema...

Quando era menino, ir ao cinema tinha pra mim gosto de festa, como, aliás, tem até hoje. Gosto de ver filme no cinema, de comprar pipoca e Coca-Cola, de entrar naquela sala escura e gelada e mergulhar em várias e diferentes sensações ao mesmo tempo. Só não imaginei que um dia também estivesse do lado de cá da telona, levando o fascínio da fantasia até outras pessoas. Pois é, depois de anos sem atuar, acabei aceitando o convite de Douglas Dwight pra dar corpo ao personagem Afonso, no curta O Buquê, um roteiro seu, adaptado do conto Sinastria, de Sônia Peçanha.

Sinastria foi pinçado de Traição e Outros Desejos, onde Sônia reuniu dezesseis contos, que correm em alta velocidade narrativa, sobre nossas sutis traições cotidianas. Nele, a autora aborda a traição do "destino que te oferece pistas falsas de um futuro feliz, numa divertida guerra conjugal quando surge a suspeita do adultério". Sônia Peçanha é mestre em Literatura Brasileira e outros contos de sua autoria foram premiados em concursos literários do país, como o Prêmio Cora Coralina (Minc), em 1986; Prêmio da Universidade Federal de Alagoas, em 1985 e o Prêmio Clarice Lispector (Universidade Federal de Uberlândia), em 1984.

Douglas, por sua vez, é autor, juntamente com Fátima Valença, numa parceria vitoriosa, de vários sucessos musicais no teatro, como Dolores, sobre a vida de Dolores Duran e estrelado por Soraya Ravenle e Elis, Estrela do Brasil, tendo à frente de um elenco gigantesco Inez Viana fazendo o papel de Elis Regina. No cinema, é co-roteirista do longa Mulheres do Brasil, com Camila Pitanga, Dira Paes, Beth Coelho e Luana Carvalho encabeçando o elenco.

Em O Buquê, Douglas segue a mesma linguagem rápida e pungente utilizada pela autora. A direção atenta e cuidadosa é de Marcelo Villanova e segue o mesmo tom. Marcelo é aquele tipo de cara novo e competente que só faz confirmar a tradição da Bahia nas artes. A cumplicidade da equipe certamente ficará visível no filme, toda ela com uma energia e vontade imensas de mostrar que é possível, sim, fazer um cinema de qualidade, mesmo sem muita grana - esta última a tônica dos dias atuais - e que nas palavras do próprio Marcelo "só me faz pensar que nada é mais importante do que fazer algo com e por amor".

O Buquê tem no elenco, além de mim, Arlete Heringer, Caco Monteiro, Paula Moreno e Elen Vila Nova e seu lançamento está previsto para agora, em setembro, no Rio e logo depois em Salvador.



Traição e Outros Desejos

Objetiva, 147 páginas

Um comentário:

Fran disse...

O Coronel Ramiro é, dentre outros tantos personagens de sua vida artística, meu cunhado. Nasceu para questionar as coisas erradas desse Brasil difícil, demonstrando sempre posições firmes e politizadas. A iniciativa do blog muito me alegrou, até porque temos agora um bom espaço para lançar idéias e aprender um pouco desse prodigioso mundo dos apaixonados pela arte. Gostaria, de fato, de encontrar o Coronel nas lides do foro, exercendo com a inteligência que carrega a profissão de advogado. Contudo, temos por imposição moral, que torcer pela felicidade dos homens, e por preceito do coração, que lutar pelo sucesso dos nossos do clã. Sendo assim, estarei sempre na primeira fila, apoiando o amigo e cunhado Coronel Ramiro (para os íntimos o Guga), para que alcance, definitivamente, um bom lugar nesse fantástico mundo das artes. Parabéns pela iniciativa Coronel e boa sorte para o Afonso no curta O BUQUÊ. Fran Reis