segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Até quando não vamos dizer nada?

Escrito nos anos 60 pelo poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, o poema No Caminho, com Maiakóvski era (quase) sempre creditado ao russo Vladimir Maiakóvski (1893-1930). Em Mulheres Apaixonadas, Helena, vivida por Christiane Torloni, leu um trecho do poema, dando o crédito correto. Lembro que foi uma polêmica danada, resolvida alguns capítulos depois, em que a autoria de Costa foi reafirmada.

Desde a quarta-feira passada, as palavras de Eduardo Alves da Costa têm ecoado na minha cabeça e só fica uma pergunta: até quando não vamos dizer nada?


No caminho com Maiakóvski

Na primeira noite eles se aproximam
e colhem uma flor de nosso jardim;

e não dizemos nada.

Na segunda noite
já não se escondem,
pisam as flores,
matam o nosso cão;

e não dizemos nada.

Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E, porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.




segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Com molho ou sem molho?

Quase um mês sem escrever nada. E nem foi por achar que não tinha o quê. Por umas três vezes, no mínimo, comecei a rascunhar algumas idéias, mas uma espécie de mental se apoderava de mim e aí não tinha jeito. Eu olhava pro computador, ele olhava pra mim e não saíamos disso.

O um, sobre o escândalo envolvendo a pirataria, termo popularmente usado para o roubo da propriedade intelectual alheia, em cima do filme Tropa de Elite, de José Padilha. O fato em si não causaria tanto alvoroço -já que se tornou uma prática comum, e nem por isso correta, a comercialização de CD e DVD ilegais em bancas por aí afora - se o filme, além de ainda nem ter estreado nos cinemas, não estivesse sendo visto piratamente, digamos assim, pelo próprio BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar). Uma denúncia anônima acabou com a farra e um processo foi aberto. Mas, diga aí, se até um presidente da República assiste a DVD pirata, como aconteceu com Lula, alegando que não sabia, claro!, e 2 Filhos de Francisco, imagine o resto! Se bem que Lula... Deixa pra lá!


Também pensei em postar algo sobre Soppa de Letra, monólogo de sucesso do grande ator Pedro Paulo Rangel, onde ele declama letras de consagradas músicas da MPB, que vi no Centro Cultural da Caixa, ali na Carlos Gomes. A direção é de Naum Alves de Souza, autor de Aurora da Minha Vida, sua peça de maior sucesso, que tive o prazer de estudar e encenar na UniverCidade, no Rio, quando fazia o curso de Formação de Atores. O roteiro é do próprio Pedro Paulo e de De Bonis, que me dirigiu em Atlântida. Detalhe: fui ver Soppa num domingo, a sessão era em plenas 4:30 da tarde e o teatro estava lotado! Como diria Caetano, lindo!


Outra vontade foi falar sobre... Paraíso Tropical. Agora que a novela está chegando ao fim, que Alessandra Negrini provou pra todo o país que é uma excelente atriz - e ponto! - e que Gilberto Braga é um dos maiores noveleiros que temos, fica só uma perguntinha: quem matou Taís? Pra mim, parece bem provável que sejam Urbano, já que detinha os tão falados R$ 250.000,00 da finada em fundos de investimento, se é que fez isso mesmo, e Marion. A gordalha trambiqueira vai sofrer nestes últimos capítulos um infarto após uma tentativa de morte por envenenamento. Por quem? Por Urbano, mais uma vez, obviamente - típica queima de arquivo. Uma personagem como ela, completamente amoral e sem escrúpulos, merece ser punida, sim, e ser cúmplice de um homicídio vai ser a chave para a sua punição. No Brasil, salvo honrosas exceções, como o Marco Aurélio, de Reginaldo Faria, em Vale Tudo, que fugia do país nos dando uma banana muito da bem dada, e a Bia Falcão, da Fernandona, em Belíssima, pelo menos na ficção os calhordas são castigados - eu disse na ficção.


Então é isso, o post de hoje foi praticamente uma salada de assuntos, daí o título. Até a próxima, cambada!