quinta-feira, 25 de março de 2010

Cartas pra ninguém - Parte Um

"Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma, por ter vendido a alma ao diabo..." (Humberto Gessinger)

Rio, 05 de abril de 2020

Cherry,

Te escrevo estas breves linhas - e espero mesmo que sejam breves, já que o tempo se faz curto sempre que chego aqui nessa cidade tão cheia de delícias, mas sobretudo de obrigações - sentado na privada do banheiro recém reformado da casa do nosso querido amigo Artur (que você já deve ter visto, e adorado!). Não que o que a ser dito aqui venha a ser merda, por favor, mas puramente porque as tantas obrigações mencionadas há pouco não me permitem maiores horas vagas e o único momento, meu mesmo, meu de verdade é esse aqui, e, portanto, tento aproveitar o tempo como os japoneses vivem a vida, com objetividade e precisão.



Enfim, o que me leva a te escrever é pra dizer que tudo tem andado bem na medida do possível, algumas pessoas ainda perguntam por você e outras, poucas, mostram que sentem saudades, que nunca mais te viram por aí, essas coisas... Por isso não continue desaparecida, dê um alô para os que nada têm a ver com os desencontros da vida e com os nossos próprios contratempos...



O Rio Grande me parece menos frio que seus próprios habitantes, mas ainda assim tenho conseguido tomar chimarrão vez ou outra (querendo mesmo um bom chopp!!) com um ou dois conhecidos, amigos ainda não fiz.



Desculpe o mau jeito, este momento meio escatológico, mas levei em conta que entre a gente essas bobagens físicas nunca nos disseram nada, então só resta me despedir frente ao sem mais no momento, e também lembrar que o meu coração ainda é seu e que você, essa mulher que um dia desnorteou os meus passos aparentemente tão cheios de si, continua a ser a dona do único caminho que me leva rumo ao sol.

Um beijo provocador do seu eterno,

MM